A relação entre a saúde mental e o sistema digestivo

Você sabia que a sua saúde mental e o seu sistema digestivo estão intimamente relacionados? Pois é, o que acontece na sua mente pode afetar o seu intestino e vice-versa. Mas, como cuidar da saúde mental nesse sentido? Neste artigo, vamos explicar como essa conexão funciona e por que é importante cuidar de ambos para ter uma vida mais saudável e equilibrada.

TIREOIDE

Dr. Eudes Tarallo

7 min read

O que é a conexão mente-intestino?

A conexão mente-intestino é o termo usado para descrever a comunicação bidirecional entre o cérebro e o sistema digestivo. Essa comunicação envolve vários fatores, como hormônios, neurotransmissores, nervos, bactérias e o sistema imunológico.

O cérebro pode influenciar o funcionamento do sistema digestivo de várias formas. Por exemplo, quando estamos estressados, ansiosos ou deprimidos, o cérebro libera substâncias que podem alterar a motilidade intestinal, a secreção de ácido gástrico, a permeabilidade da mucosa e a inflamação. Essas alterações podem causar sintomas como dor abdominal, diarreia, constipação, azia, náusea e vômito.

Por outro lado, o sistema digestivo também pode influenciar o cérebro. O intestino abriga trilhões de bactérias que compõem a microbiota intestinal. Essas bactérias produzem substâncias que podem afetar o humor, a cognição, a memória e o comportamento. Além disso, o intestino possui uma rede de nervos chamada de sistema nervoso entérico, que pode enviar sinais para o cérebro através do nervo vago. Esses sinais podem afetar as emoções, a percepção da dor e o estresse.

Saúde mental e sistema digestivo

Como mencionamos, a saúde mental e o sistema digestivo estão intimamente relacionados. Eles fazem parte de um complexo sistema chamado eixo cérebro-intestino, que é responsável por regular diversas funções do organismo, como o humor, a digestão, a imunidade, a inflamação e o estresse.

O eixo cérebro-intestino é composto por vários componentes, como o sistema nervoso central (SNC), o sistema nervoso entérico (SNE), o sistema imunológico, o sistema endócrino e a microbiota intestinal.

Vale ressaltar que a microbiota intestinal é o conjunto de micro-organismos que habitam o trato gastrointestinal e que desempenham um papel fundamental na saúde e na doença. Ela interage com os outros componentes do eixo cérebro-intestino e influencia a produção de neurotransmissores, hormônios e substâncias anti-inflamatórias.

Quando há um desequilíbrio no eixo cérebro-intestino, seja por fatores genéticos, ambientais ou comportamentais, pode haver consequências negativas para a saúde mental e o sistema digestivo. Por isso, é importante entender como esses dois aspectos da saúde se influenciam mutuamente e como podemos cuidar deles de forma integrada.

Impacto do estresse na saúde gastrointestinal

O estresse é uma resposta natural do organismo diante de situações desafiadoras ou ameaçadoras. Ele envolve a ativação do sistema nervoso simpático (SNS) e do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), que liberam hormônios como a adrenalina e o cortisol. Esses hormônios preparam o corpo para enfrentar ou fugir do perigo, aumentando a frequência cardíaca, a pressão arterial, a respiração e a glicose no sangue.

No entanto, quando o estresse é crônico ou excessivo, ele pode causar danos à saúde. Um dos órgãos mais afetados pelo estresse é o intestino. O estresse altera a motilidade intestinal, ou seja, a capacidade do intestino de contrair e relaxar para mover o bolo alimentar. Isso pode levar a sintomas como diarreia, constipação, dor abdominal, gases e inchaço.

Além disso, o estresse afeta a permeabilidade intestinal, que é a capacidade do intestino de impedir a passagem de substâncias nocivas para a corrente sanguínea. Ou seja, o estresse aumenta a permeabilidade intestinal, facilitando a entrada de toxinas, bactérias e antígenos no organismo. Isso pode provocar uma resposta inflamatória e imunológica que agrava os sintomas gastrointestinais e pode contribuir para o desenvolvimento de doenças autoimunes.

Outro efeito do estresse na saúde gastrointestinal é a alteração da microbiota intestinal. O estresse reduz a diversidade e a quantidade de bactérias benéficas no intestino, favorecendo o crescimento de bactérias patogênicas. Isso compromete as funções da microbiota intestinal na digestão, na imunidade, na produção de vitaminas e na modulação do humor.

Portanto, como podemos observar, o estresse é um fator que pode prejudicar a saúde gastrointestinal de diversas formas. É importante buscar formas de gerenciar o estresse para evitar ou minimizar seus impactos negativos no sistema digestivo.

Transtornos mentais e problemas digestivos

A relação entre saúde mental e sistema digestivo não é apenas de causa e efeito, mas também de correlação. Isso significa que pessoas que sofrem de transtornos mentais têm mais chances de apresentar problemas digestivos, e vice-versa.

Estudos epidemiológicos mostram que há uma maior prevalência de transtornos mentais em pessoas com doenças gastrointestinais, como a síndrome do intestino irritável (SII), a doença inflamatória intestinal (DII), a doença celíaca, a gastrite e o refluxo gastroesofágico. Alguns dos transtornos mentais mais comuns nessa população são a depressão, a ansiedade, o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e os transtornos alimentares.

Da mesma forma, pessoas que sofrem de transtornos mentais têm mais chances de desenvolver problemas digestivos, seja por fatores biológicos, psicológicos ou comportamentais.

Por exemplo, pessoas com depressão podem ter alterações na motilidade e na permeabilidade intestinal, bem como na microbiota intestinal. Pessoas com ansiedade podem ter maior sensibilidade visceral, ou seja, uma maior percepção da dor e do desconforto no intestino. Pessoas com TOC podem ter hábitos alimentares restritivos ou compulsivos que afetam a digestão. Pessoas com TEPT podem ter alterações no eixo HHA que afetam a inflamação e a imunidade intestinal. Já, pessoas com transtornos alimentares podem ter distúrbios na absorção de nutrientes, na secreção de ácido gástrico e na função hepática.

Sendo assim, há uma forte associação entre transtornos mentais e problemas digestivos, que pode ser explicada por diversos mecanismos envolvendo o eixo cérebro-intestino. É importante reconhecer essa relação para buscar um tratamento adequado para ambos os aspectos da saúde.

A influência do sistema digestivo na saúde mental

Como vimos, o sistema digestivo não apenas sofre os efeitos do estresse e dos transtornos mentais, mas também os influencia. O sistema digestivo pode afetar a saúde mental de diversas formas, principalmente através da microbiota intestinal.

A microbiota intestinal é capaz de produzir e liberar substâncias que atuam no cérebro, como neurotransmissores, hormônios e ácidos graxos de cadeia curta. Essas substâncias podem modular o humor, a cognição, a memória e o comportamento.

Por exemplo, a microbiota intestinal produz cerca de 90% da serotonina do corpo, um neurotransmissor que está envolvido na regulação do humor, do sono e do apetite. A microbiota intestinal também produz outros neurotransmissores como a dopamina, a acetilcolina e o GABA, que estão relacionados à motivação, à atenção e à ansiedade.Além disso, a microbiota intestinal pode afetar o sistema imunológico e o sistema endócrino, que também têm influência na saúde mental. Portanto, a microbiota intestinal pode estimular ou inibir a liberação de citocinas pró-inflamatórias ou anti-inflamatórias, que podem afetar o funcionamento cerebral. Ainda, pode interferir na produção de hormônios como o cortisol, o estrogênio e a testosterona, que podem afetar o humor e o comportamento.

Dicas para promover um equilíbrio entre saúde mental e digestiva

Como mencionado anteriormente, a saúde mental e a saúde digestiva estão interligadas e se influenciam mutuamente. Portanto, é importante adotar hábitos que possam favorecer um equilíbrio entre elas.

Veja algumas dicas:

– Alimente-se bem: escolha alimentos saudáveis, variados e ricos em fibras, vitaminas, minerais e antioxidantes. Evite alimentos processados, gordurosos, açucarados e com aditivos químicos. Prefira alimentos fermentados, como o kefir, que pode melhorar a microbiota intestinal.

– Beba água: mantenha-se hidratado ao longo do dia. A água ajuda na digestão dos alimentos, na eliminação de toxinas e na regulação do trânsito intestinal.

– Pratique exercícios físicos: a atividade física regular pode trazer benefícios tanto para a saúde mental quanto para a saúde digestiva. O exercício pode reduzir o estresse, melhorar o humor, estimular a circulação sanguínea e fortalecer os músculos abdominais.

– Durma bem: uma boa noite de sono é essencial para a recuperação do organismo e para a regulação dos ritmos biológicos. Dormir mal pode afetar negativamente o humor, a concentração, a imunidade e o funcionamento do sistema digestivo.

– Gerencie o estresse: procure identificar as fontes de estresse na sua vida e busque formas de lidar com elas de maneira saudável. Você pode recorrer a técnicas de relaxamento, meditação, respiração profunda ou hobbies que lhe proporcionem prazer e bem-estar. Procure um profissional que irá acompanhar seu tratamento da melhor forma possível.

– Cuide das suas emoções: expresse os seus sentimentos de forma adequada e procure apoio emocional quando necessário. Você pode conversar com alguém de confiança ou procurar ajuda profissional se sentir que precisa. Não guarde as suas emoções no seu intestino.

A importância do acompanhamento médico na abordagem integrada

Muitas vezes, as pessoas acabam negligenciando a saúde mental e física sem perceber. Quanto mais cedo o acompanhamento médico for feito, maiores as chances de sucesso no tratamento.

Se você sofre de algum problema de saúde mental, como depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo ou transtorno do pânico, procure um psiquiatra ou um psicólogo. Esses profissionais podem avaliar o seu caso e indicar o melhor tratamento, que pode incluir medicamentos, psicoterapia ou outras abordagens.

Se você sofre de algum problema de saúde digestiva, como síndrome do intestino irritável, doença inflamatória intestinal, gastrite ou refluxo gastroesofágico, procure um gastroenterologista. Esse profissional pode realizar exames para diagnosticar a causa dos seus sintomas e prescrever o tratamento adequado, que pode envolver medicamentos, mudanças na dieta ou cirurgia.

Lembre-se de que a saúde mental e a saúde digestiva são partes integrantes da sua saúde geral.

Por isso, não hesite em procurar ajuda médica quando sentir que algo não está bem. A abordagem integrada é a melhor forma de cuidar de você por inteiro.

Agende uma consulta em nossa clínica e receba o suporte necessário para alcançar o equilíbrio entre mente e intestino.

Nossa equipe especializada está pronta para ajudá-lo a ter uma vida mais saudável e harmoniosa.

Marque sua consulta agora mesmo!